Wednesday 7 July 2010

De um retorno qualquer.

Meu Menino, tire os olhos daqui. Pare de tentar achar-me em entrelinhas. Torne seus olhos para mim, tu não precisas me procurar oculta em sílabas. Não, nunca. Sabes bem que és o único que lês, em mim mesma, o que sou. Sabes bem do teu olhar que me desnuda a alma, que me arrepia a pele e que me cura a mente. Sabes, eu sei que sabes, que és assim, que me entendes no meu emaranhado e em minhas confusões. Então, sabes, que não precisa ler-me em papéis gastos cobertos de letras borradas. Venha, peço-te. Não aguento mais ter-te assim de longe, ter teus olhos vidrados em meus pedaços. Venha, abrace-me inteira, que meus braços há muito te pedem, te exigem. Venha, que o corpo já cansa, e quer cair. Venha e sustente com teu sorriso os meus lábios já não tão rosados.
Meu Menininho, peço-te também, desculpas. Me ausentei de ti. Como nuvem, me desfiz. Mas sim, mantive a parte mais importante ali, a rondar-te à noite, a falar-te em sonho. Mas, ainda assim, me ausentei. Nos ausentamos um do outro. Para que? Dissemo-nos que era preciso crescer? Ora, que bando de bobagens! Volte à teus brinquedos, teus carrinhos, tuas risadas e teu sorriso real. Volte à descansar a cabeça em meu peito e dormir, volte a encharcar a minha camisa de choro. Volte para mostrar-me teus desenhos. Seja, novamente, o meu menininho. E serei tua menininha.
Voltemos, por favor, a nós. Levarei-te àquela tua praia favorita, para que me fales de teus sonhos coloridos, de teus saltos para além-mar, de tuas aventuras de herói. Para que tu sintas a areia a acariciar-te os pés cansados e o vento a bagunçar-te os cabelos ajeitadinhos. Para que o mar te beije e te renove, tal como farei, repetidas vezes sob o luar confidente.
Venha, leia-me, deixe-me ler-te, contar-te, sorrir-te. Que as minhas bochechas corem novamente ao simples fato de ouvir-te, mesmo que seja para dizeres que tens que ir.

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