Wednesday 21 November 2012

O sono escapa em órbitas

a lua tem dois olhos
cheios
que somem
atrás de nuvens
feito um cão andaluz
cortando com navalha
a alma insone
deslizando em
olheiras nubladas

e as estrelas esquecem
que são fotografias
dos meus olhos
nos olhos do céu

a noite uiva
e não termina
dobrando galhos que
chuviscam
mesmo que o temporal
tenha passado.

Friday 9 November 2012

Qual é o pedido?


era tão cheio de nove horas
que o relógio não esperou
pra dar a volta
antes da conta chegar
[fim da hora do almoço].

Thursday 1 November 2012

Soneto sobre não gostar de espelhos

Eu nasci em discurso de labirintos
e piscando entre  feixes de cegueiras,
tropeçando em poças e trincheiras
descobri que não é vendo que eu sinto

e não me encares achando que eu minto
que a alma, eu enxergo com as olheiras
um reflexo daquelas luzes sem eira
nos caminhos salientes do indistinto

é que de claro, o existir é duro
e se suspiro, é pra apagar a vela,
a lamparina, pra me ver direito

pra qu'os fantasmas não m'abram a janela
e eu me descubra do melhor dos jeitos
pois só me vejo bem no escuro.