Thursday 1 November 2012

Soneto sobre não gostar de espelhos

Eu nasci em discurso de labirintos
e piscando entre  feixes de cegueiras,
tropeçando em poças e trincheiras
descobri que não é vendo que eu sinto

e não me encares achando que eu minto
que a alma, eu enxergo com as olheiras
um reflexo daquelas luzes sem eira
nos caminhos salientes do indistinto

é que de claro, o existir é duro
e se suspiro, é pra apagar a vela,
a lamparina, pra me ver direito

pra qu'os fantasmas não m'abram a janela
e eu me descubra do melhor dos jeitos
pois só me vejo bem no escuro.

No comments:

Post a Comment