Tuesday 31 January 2012

Sussurro vascul(h)ar

Obrigada ao Dé pelo título.


(m)água
suja
dá verme
e se
não ferver
direito
também

então
trata
com cloro
pra desinfetar
e usar pra regar
o jardim
[ou aorta]

mas não
esquece
que
(m)aguar
demais
as plantas
mata
as coitadas
afogadas
e
de menos
de sede

e usa um balde
e não a
mangueira
que você esquece
ligada
(se) jorrando
por aí

não desperdiça
nem saliva
e deixa o suor
evaporar
e virar chuva
e virar mar
que é um monte
de lágrimas
que o céu
já chorou
[e é por isso
que é assim
salgado]

e que vire onda
pra te molhar
os pés.

Wednesday 18 January 2012

(Re)fluxo

onda vai
e onda
vem
do jeito
que eu
não
vou
ri
mar.

Ao menino que deságua

O nome do dono tá no fim.

Ainda bem
que você não
se
chama
José
senão eu
teria
que imitar
o
Drummond
[e eu não gosto
de perguntar
"e agora?"]

Mas, ei,
menino
você tem nome
de rio
então sabe
fluir
e
c
h
o
ver

e passar por
um bocado de mundo
sendo
um rio
mas não o mesmo
da nascente

Rio
que não é só
de janeiro
mas que
ri
de todo
jeito
[não só
com a boca]

e que passa
sem
ir embora
distribuindo
onomatopéias
molhadas
no
silêncio

Mas, menino,
te chamo
de
novo
olha cá!

se teu nome
é de rio
e rima
com
rabisco
você deve ser poeta

ou um
monte deles
com o
nome de
Francisco.

Tuesday 17 January 2012

Não tem nome mas tem dono

Pro André, prodígio.

Quisera eu saber dizer
pra ti, mais um
sorriso
em cordel
[mas isso
é você quem
faz]

Então,
só falo um
pou
qui
nho
mais
nesse meu verso
torto
e
baemlharado

que se poesia tivesse
um vocativo
eu acho
que seria
você.

Sonetinho sem métrica pra virar tijolo

Pra minha Bárbara linda.

De destrançar os cabelos da poesia
teus dedos calejados se entretém
A transformar teus leitores em trem
Entre os acordes e a caligrafia

E se olha pra essa gente fria
Que por sorrisos não dão um vintém
Vês que ser igual não te convém
e enche o peito para dar "bom dia".

Quiçá eu seja uma leitora imaginária
que agora te escreve uma resposta
Ou um cobrador pra quem sorriste

Sou a caneta que a tua mão recosta
Pra colocares o dedo em riste
Cantando pedacinhos da tua ária.

Tuesday 10 January 2012

Não chegou atrasado porque eu esqueci o relógio

Teu nome é tão fácil
de poemar
Caio
assim, sem rima
porque eu sei
que você prefere
sem rima e sem
relógio.

Caio, que é assim
caindo nos meus sorrisos
tão por acaso
e puxando os cantos
dos lábios pra cima
[porque Caio
não cai
pra baixo]

Olha, Caio
que hoje a lua apareceu
de dia
no céu
bem do jeito
que você acha bonito

E Caio, você virou o rosto
pra ela
de um jeito tão Caio
que eu queria ficar
pra sempre
olhando
[quando você cai
muito
pra cima]

Eu pensei em ir, Caio
ao sebinho essa semana
pra te escrever
nas páginas
de todos os livros
[menos os de
Descartes]

Caio, vem comigo
porque sou meio
desastrada
e sempre
Caio.