Sunday 21 August 2011

Poema de três pontas.

Aos queridos Victor, Thiago e Bill.

Torno os olhos para o copo de cerveja
Honorável, à mesa dos moços que
Inocentes e meio (muito) bêbados
Argumentam sobre a alma e, na bandeja,
Godard, que não é queijo, é cineasta
Ouve atento a discussão entusiasta.

Volta e meia, vinha o garçom
Irrigar mais um tanto a conversa
Com uma versão barata de Bourbon
Talvez causa da futura ressaca
Ou da prosa que saía mais diversa
Reviravoltando os bolsos da casaca.

Badalava o fim da noite no relógio
E entrou a moça de porcelana
Aquela que é mais durona que
Tony Montana – só que sem a cicatriz
Riu dos dois ébrios, mas notou, infeliz:
Iria ter que carregá-los
Zonzos, até em casa.

Friday 5 August 2011

Pra onde olha o poeta?

E despoetizavam os grãos da praia
Os olhos metódicos do versador
Que contornava, de havaianas, a orla
Já que ele sentia gastura da areia.

E esqueceu-se até do mar que lhe gritava
Uns versos transformados em maresia
Pois as orbitas – indiscretas – projetas
Na moça que vinha caminhando, altiva.

Era morena, mas não vinha da Angola
Tampouco tinha um chocalho na canela
Ainda assim as ondas se diminuem
E se curvam dando beijos aos pés dela.

O escritor se meteu a pô-la em métrica
Mas descobriu que ela escorregava
Achou melhor então deixá-la solta
Escorregando pelo vento
Com o tamanho
De onda.