Friday 5 August 2011

Pra onde olha o poeta?

E despoetizavam os grãos da praia
Os olhos metódicos do versador
Que contornava, de havaianas, a orla
Já que ele sentia gastura da areia.

E esqueceu-se até do mar que lhe gritava
Uns versos transformados em maresia
Pois as orbitas – indiscretas – projetas
Na moça que vinha caminhando, altiva.

Era morena, mas não vinha da Angola
Tampouco tinha um chocalho na canela
Ainda assim as ondas se diminuem
E se curvam dando beijos aos pés dela.

O escritor se meteu a pô-la em métrica
Mas descobriu que ela escorregava
Achou melhor então deixá-la solta
Escorregando pelo vento
Com o tamanho
De onda.

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