Monday 29 September 2014

What a lovely throat

a minha noite mal dormida
soletra o teu nome e a tua inicial tão décima primeira 
ou segunda
tão às beiras da marginal pinheiros
e ela puxa em gancho a minha língua que nunca soube
muito bem procurar outra que não a tua
com gosto taciturno de quem observa demais as minhas saias ciganas
de quem esquece demais da irresponsabilidade que meus 
olhos escuros carregam que se misturam com os teus olhos mais escuros ainda

tu desanda qualquer passo e tu me puxa pela língua
prende na languidez do teu nome a minha língua
e a boca gagueja nomes complicados mas soletra o meu com
os dedos apontados em todas as direções feito uma transfiguração 
dum plano sequencia de nosferatu
com a tua sombra enorme invadindo os cantos de um escuro que de assustador
só tem a analogia que eu acabei de fazer
e entre os escombros do que mora ainda no meu peito
os teus dedos compridos
que não cedem ao frio
meu corpo é palíndromo preso na tua língua
e do teu nome
é acrostico

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