Tuesday 27 January 2015

poema sem touch screen

tenho estado com medo de
derramar
qualquer coisa a mais no espelho
e me encontrar nos alteregos do que escrevo
sobre o garçom
ou a última pessoa que me vendeu um ingresso pro cinema
como quem reclama de dor de cabeça
espero que os poemas ainda tenham frequência suficiente para
alcançar os ouvidos de quem lê em voz alta o som do sol
gravado em arquivos corrompidos num computador de última geração
e que a afobação das minhas mãos e do meu corpo e dos meus olhos e da minha voz
e do meu exterior não emudeça o grito
de quem ecoa
às margens da loucura

1 comment:

  1. Eu leio a sua poesia em voz alta pra entrar em mim maiúsculo

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