Thursday 15 January 2015

nunca de menos

meu amor gosta de dormir assistindo o ar se remasterizar entre as minhas costelas
meu amor recebe convites de casamento que recusa com beijos na minha nuca
meu amor tem olhos nucleares convertidos em hidrelétricas
meu amor esquece os dedos dentro de mim antes de almoçar e o meu amor não se importa com as mãos sujas desde que estejam nas minhas
meu amor... ah, o meu amor tece os pedaços das minhas coxas com a língua e costura os olhos emendados nos meus calabouços
o meu amor, ele respira sempre em ritmo de maracatu em noites quentes demais
o meu amor afina o violão da própria garganta com os tons da minha cintura
o meu amor, quando fode, tira as lentes de contato e prefere beber em canecas tudo o que eu gozo primeiro
o meu amor tem a língua de sal do meu cio
o meu amor espreme o sangue pra fora dos meus cortes e suga os meus orgasmos
pra fazer tranças
o meu amor não faz questão de usar roupa nenhuma desde o dia em que as minhas mãos aprenderam a abrir caminho
o meu amor planta vasinhos sanitários tamanho só para crianças em cima dos meus grilhões
o meu amor tenta enganar-se quanto à própria data de fabricação
o meu amor nunca soube contar direito uma mentira
mas o meu amor faz poesia e às vezes é a mesma coisa
o meu amor pousa como passarinho nos meios fios elétricos da madrugada
o meu amor esqueceu em todos os rodapés a nota dos meus manuais e diz que se tivesse trazido não adiantaria muito por não saber ler todos os meus idiomas

No comments:

Post a Comment