Monday 27 December 2010

Monólogo Ao Temulento Jornalista.

Ao meu querido, querido, querido irmão por afinidade, Victor e claro, com trechinhos à Bill

Se analisarmos de maneira geral, monólogos tentem (quase) sempre à chatice da inócua mente humana. Ora, nada mais maçante que um diálogo consigo mesmo. Espelho, por favor, reflita um pouco menos de mim, embace-se, talvez, para que eu possa dissertar um pouco mais livremente. Sobre o que eu estava falando mesmo? Ah sim, um monólogo. Não digo que este será mais ou menos interessante que qualquer outro, então, olhos meus, parem de esperar qualquer coisa dessa nossa conversa.
Estive pensando seriamente sobre minha formação acadêmica. Não em mudá-la, mas sim no porquê da escolha. Lembra-se que a mamãe sempre quis para mim uma carreira estável? Parece-me que isso de querer ser jornalista foi mais um dos teus atos de rebeldia disfarçada. Mentira. É só que você achou. O melhor é que quando você sentiu certo aperto e o medo na boca do estômago, lhe apareceram um par de olhos que brilhavam a alma toda só por saber que você iria entrincheirar pelos caminhos das manchetes. Curioso que teus lábios se (des) fizeram em sorrisos diante daquele encorajamento tão peculiar. Não que fosse doce, mas era. Era assim, de um jeito que eu não sei dizer... E pare de gesticular! Você sempre faz isso, como se por meio das tuas mãos avoadas a palavra fosse surgir. Pare de interromper, quero lembrar-me dos instantes. Ora, que eu bem sei que foi quem mais lhe encorajou e você também tem completa noção disso. Um olhinhos de menino pairando a 1,85 do chão, mais ou menos. Olhos ébrios, devo dizer. Mas os olhos que não lhe davam dúvida da tamanha felicidade que é fazer o que se nasceu para. E aqui você pensa: Devem rodar na cabeça dele mil textos, mil filmes imaginários, mil estórias.
Se isso era real? Não sei dizer, perdoe-me, essa é aquela coisa da idealização. O fato é que a simplicidade dos gestos e a constante imersão alcoólica do seu personagem favorito o tornaram mais que apenas um Quixote dos seus devaneios. Fez-se o teu exemplo real do que é ter em sua subsistência a maior - ou uma das - maiores diversões. É, eu bem lembro de você, toda eufórica, indo contar a teu mais novo irmão mais velho que sua aula havia sido lindíssima. E ele? Ah, recebia-lhe com os sorrisos orgulhosos de quem já viveu para saber. Estou aqui, tentando explicar algo tão palpável e inefável. Aquiete essas mãos! Um... Um poeta boêmio revivido, quiçá! Isso! Só que um tanto quanto moderno, de wayfarer e tudo. E com um quê de Nerd em evidência. Ele fica especialmente bonito quando sorri diante da dita dona do coração. Aquela que ri da dificuldade que ele tem de falar o R quando o nível de etanol no sangue sobre além do normal. Que almas, meu Deus! Literaturas, cinemas, jornais, músicas, tudos; é no que consiste o viver de versar simples dos dois. E no trabalho diário. Na sua futura carreira, não é? É sim. Quem sabe um dia, vocês leiam entusiasticamente as matérias um do outro? Ou coordenem projetos, ou sonhem com qualquer coisa assim, bem o feitio das tuas revoluções.
Na verdade, até que seria bom ter alguns privilégios da empresa, dois celulares e um estagiário gordo para servir de sátira. Notei que mal falei do dito jornalismo, como me fora primeiramente proposto. Escapuli do assunto, deveras. Mas veja, cá não me cabem regras, estou falando sozinha então deixem-me usar da licença poética, liberdade de expressão e seja lá o que for.
Espelho, tomara que seus olhos brilhem como os dele diante do entusiasmo de fazer o que se gosta. E sem mais, só me falta um abraço.

1 comment:

  1. Asterisco abraçando asterisco.

    P.S.: Aqui ao meu lado, lágrimas de felicidade despencam dos olhos da Bill assim como suicidas dos edifícios e pontes. E balança a cabeça em um movimento monótono e pêndulo, dizendo quase sem voz, que ficou extremamente lisonjeada pelo seu tal feitio.

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