Thursday 3 September 2015

"não fosse isso, era menos"

desenho com a tinta invisível
dos meus dedos
o tom musical mais agudo
que o meu peito cantarola
quando são os teus olhares
do outro lado que recebo

a praça, seja ela qual for,
se estende por mais quilômetros e quilômetros
sempre que você dá os últimos passos para me alcançar
[o tempo e o espaço
deveriam se curvar
à urgência]

eu te repasso atrás das minhas pupilas
eu te revejo cena por cena
página
por
página
do teu corpo se deixando levar pelo meu
do teu eu tímido
se deixando levar pela maré
em dias agitados em que afogamentos
não ardem tanto quanto o peso de dias secos

eu de desbravo as iluminuras mais escondidas
e eu desenho
com a tinta invisível dos meus dedos
o mosaico da tua boca por cima da minha.

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