Tuesday 11 February 2014

poema em uma segunda-feira com cheiro de domingo

retorce essa tua teimosia
- que reflete a minha
entre os meus dedos
esmagando as nossas palmas uma contra a outra
pra não sobrar ar entre os vãos
que encaixam as minhas mãos e pernas
nas tuas

me mostra essa lista de desgostos
esse mesmo peito fechado pra eu untar
de mim mesma até desemperrar

deixa a poesia ser
de novo
esse pé-de-cabra que sirva pra alma
esse pão nosso de cada dia
nesse teu ato de profanar cadernos em branco

desembesta esses demônios, que eles brigam com os meus
contrários, gritantes e exaltados
e os teus que herdaram essa tua raiva quieta
- não se encarcera nas grades deles
e deixa o inferno se queimar sozinho

não disfarça esse rosto envergonhado
e lembra dos teus olhos fixos nos meus
nos teus
nos
nus
de quem?
quando eu já não sabia mais onde começava

[e se eu usasse batom, te mancharia]
e tudo é só um borrão
ou uma horta, ou um jardim

No comments:

Post a Comment