Monday 27 January 2014

Sobre atemporalidades I

se eu te deixasse esquadrinhar o meu corpo com a tua minúcia
sei que tu me leria do mesmo jeito, num piscar de almas
e saberia olhar essa minha falta de decoro com a língua
essas minhas pernas tontas que ainda acreditam que é bonito
o meu desequilíbrio pouco charmoso, a minha labirintite emocional

tu me ouviria como música, com aquele teu ouvido de futuro saxofonista
atual baixista, guitarrista que enrola um pouco pra dançar
com os dedos
tu saberia ouvir os meus que compõem melodias nervosas se estalando uns contra os outros
se instalando em pedaços teus pra criar a liberdade em raiz

e tu me tocaria de olhos fechados, por saber que eu não tenho medo do escuro
por me abrigar na penumbra por causa dos meus outros medos mais claros
e teria todas as vezes as minhas frases repetidas sobre como teus olhos
como teus olhos são tão
teus olhos são tão mais bonitos por serem castanhos

tudo do jeito que tu já faz.

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