Sunday 10 June 2012

Ciência do Maldito

Com André Monteiro.

por que não dar um porre
ficar bêbado
de vinho-tinta
inebriar o poeta
e vomitar o profeta
que quer blues na arte que pinta?

poeta é balão
de ar quente
que deixa rastro
eólico
pelas terras marítim(ic)as
de um quântico verso
líríco qual universo
Tártaro como o Elísio

poeta é Karamazov
é protótipo de Édipo
é Ham(let) aos famintos
é Palhaço ao poço
é... a gente quer valer
o pão de nó e osso
atalhado pela navalha
dos dias
das disritmias
no espelho debaixo do tapete

poeta é o chão esquecido
e os pés que dançam sobre o ar
é o interior revolvido do poema
e a onda que desfaz o mar
(dentro dos olhos
antes de chorar)

poeta é sazonal
feito de alma em mobral
e diz: rima acidental

Pra começar a estrofe diferente
sem o poeta, que se faz gente
e nem por isso deixa de ser poeta.

E sê-lo não o faz profeta
talvez um pouco mais poeta
repetindo-se na rima falha

Poeta não se alimenta de migalha
da alma de ninguém
e muito menos retém
o que a sua pode dar

poeta é armadilha...

No comments:

Post a Comment